O Natal de Claudemira

- Chefe, onde eu ponho os presentes?
- Ah ... onde você quiser, Claudemira. Ali ...
- Chefe, presente a gente põe embaixo da árvore, disse ela rindo e não entendendo o embaraço dele.
- Não fazemos árvore aqui em casa.
Ela deixou os presentes num canto da sala para não atrapalhar o trânsito das demais pessoas.
- Chefe, sai uma cervejinha gelada?
- Sinto muito, minha cara, nós não bebemos álcool no Natal.
Sucos e refrigerantes a vontade e um balde de água fria nas pretensões daquela mulata fogosa e de seios fartos.
O jantar foi servido e Claudemira espantou-se por não ver aquele festival de iguarias sobre a mesa. Oraram antes de ser servido o bacalhau o que pareceu um absurdo naquela cabecinha de vento.
- Chefe, cadê os outros pratos? Eu não sou muito amiga de bacalhau, não!
Rindo, ele disse:
- Como não? Já vi você comer bacalhau lá no bar do Tião, perto do escritório! Esse é o único prato, minha cara!
- Chefe, comi bacalhau lá por outros motivos. Num gosto não! Disse ela revirando os olhos com malícia.
A sobremesa foi servida. Frutas frescas e secas, além de um pavê de chocolate.
Após a ceia, todos voltaram às conversas que não eram familiares à Claudemira e ela foi ficando incomodada. Ninguém trocou presentes, a música aos ouvidos dela continuavam fúnebres e os filhos se divertindo com os outros jovens.
Perto da meia noite a dona da casa se levantou e pegou a figura do Menino Jesus e levou ao presépio, colocou no berço de palha, acendeu uma lâmpada pequena que initava uma vela e orou. Convidou os demais para orar e iniciou rápida preleção sobre o sentido daquela festa.
- Devemos deixar que Jesus entre em nossos corações, na nossa casa, no nosso bairro, na nossa cidade e assim, até atingir todos os seres viventes, comemorando o dia de hoje, deixando as mágoas e as tristezas lá no passado. Nossa ceia foi perfeita, sem desperdícios, sem sobras, para nos lembrarmos que nosso Jesus nasceu em local simples, inóspito e frio. Não devemos esbanjar ou desperdiçar para comemorar o nascimento de Jesus. O melhor presente que você pode oferecer não é isto, nem aquilo, mas é a sua disposição de servir, é o seu acolhimento, é a sua bondade, é a sua ternura, é o seu amor.
O queixo de Claudemira caiu. Ela se sentiu estranha no meio daquele povo diferente que não entendia o que era o Natal e que ficava orando e falando bonito.
Após a manifestação da dona da casa ela se despediu, pegou os filhos e os presentes e foi embora para a casa de sua comadre que estava no meio da ceia, com tender, pernil, lombo de porco, chester, arroz com passas, muita cerveja e pagode. Comeu a não mais poder e distribuiu os presentes adquiridos para o chefe e esposa para a comadre e marido.
Divertiu-se até altas horas e no dia seguinte, de ressaca, ajudou a lavar os pratos e copos.
- Tive um Natal inesquecível! Conheci um negão musculoso e com uma linda tatuagem, lá ... !
Bjkª. Elza
Em tempo: Para quem não sabe, Claudemira é um personagem que criei para viver histórias diversas e, geralmente cheias de gafes e imprecisões. Trata-se de uma mulata metida a besta, que acha que sabe de tudo. É sem educação, fogosa, não se lembra que já passou dos 40 e que tem netos. Usa saias curtíssimas, decotes enormes, cabelos revoltos e maquiagem carregada.
Em tempo 2: a preleção a respeito do Natal e do significado foi retirada do blog Evangelizar, da Tetê, cujo link está ali ao lado.
Natal

Quando eu era menina o Natal era comemorado na casa de minhas avós. Um ano com a italiana Concetta e no outro com a brasileiríssima, Maria. Cidades diferentes e hábitos diversos.
O Pai de minha Mãe morreu em 26 de dezembro de 1959 e a partir daí a coisa ficou meio complicada e triste, mas com os anos, a dor diminuiu e o Natal voltou a brilhar. Aos poucos os avós foram se despedindo de nós e minha Mãe tornou-se a matriarca e competia a ela fazer a festa, a ceia e a decoradora da casa. Eu ajudava, até me casar.
Com a chegada da namorada do meu irmão e hoje, sua esposa há 35 anos, o Natal virou uma festança de roupas, presentes e muita farra. Deixou de ser aquela coisa intima e bonita para ser comercial e fútil. Alegre, todavia!
Fazia anos e mais anos que eu não apreciava o Natal. Sentia-me um peixe fora da água na festa que obrigatóriamente eu frequento. Desde que me casei meu Natal mudou. Meu marido não gostava de ir à casa de minha Mãe e sempre buscou me tirar de lá. Cedi, é claro!
Para mim, um sofrimento saber que os meus estavam juntos e eu, no meio de estranhos, com quem não tinha a menor ligação.
Os meus se despediram. Primeiro meu Pai e muitos anos depois, minha Mãe. Sobramos 3 irmãos sem muita liga por conta de fatos outros que não vem ao caso e estão, confusamente, contados no outro blog do Beagle, com link ali do lado.
Antes mesmo de minha Mãe ir-se eu me via no meio daqueles estranhos para comemorar o Papai Noel, já que, eles não tem a mais mínima religiosidade e nem ligam para o nascimento de Jesus.
O pior é que, na distribuição dos presentes eu via minha insignificância para eles. Cheguei a receber uma correntinha quebrada, que joguei na calçada, em frente ao prédio, tamanha a humilhação. Não me dessem nada!
Apesar disso, os anos foram passando, as encrencas para Natal e Ano Novo entre eles foram enormes e eu, de camarote, observando, sem dar palpite.
Minha toalha de Natal passou a ser requisitada, assim como meus préstimos culinários. Ora uma torta, ora o tender...
Nesse Natal eu resolvi não cozinhar. Sirvam-me, pensei comigo. Emprestei minha toalha, mais uma vez. Comprei uma torta numa doceira por aqui.
Preparei-me para receber um sabonete ou uma toalhinha de mão bordada, mas, de propósito, levei bons presentes. Sou humana e adoro provocar!
A surpresa maior veio do filho do meu marido que me presenteou com um livro. Por meio desse livro ele reconheceu que sou inteligente e bem informada. Ele mostrou que tem respeito pelo meu intelecto e algum carinho, já que se lembrou de mim. Por meio desse livro ele me demonstrou que não mais resiste à idéia de eu ter me casado com o Pai dele. Demonstrou que podemos conversar, o que acho ótimo!
Ele me presenteou com "Deu no New York Times" de Larry Rohter, Ed. Objetiva, que, por sinal, já comecei a ler.
A esposa me presenteou com outra correntinha de qualidade discutível, mas, desta vez, inteira. O que significa a correntinha? Tenho minha teoria, mas prefiro me calar.
Almocei com meu irmão no dia 25 e ele está muito frágil.
Como foi o Natal de quem o comemora?
Bjkª. Elza
Li no UOL
Cidade alemã 'proíbe Papai Noel'
Marcio DamascenoDe Berlim para a BBC Brasil
Uma pequena cidade no sul da Alemanha decidiu banir o Papai Noel da paisagem natalina. A câmara municipal de Fluorn-Winzeln, lugarejo com pouco mais de 3 mil habitantes localizado às margens da Floresta Negra, declarou a região uma "zona livre de Papai Noel".
Cidade da Alemanha decide criar uma "zona livre de Papai Noel"
O objetivo é prestigiar as tradições natalinas do país e São Nicolau
De acordo com o prefeito local, Bernhard Tjaden, o objetivo é preservar as tradições do Natal, segundo ele freqüentemente esquecidas nessa época do ano em favor do consumismo. A idéia é incentivar os cidadãos a substituir o "bom velhinho" pela figura histórica de São Nicolau. "O Papai Noel é um personagem artificial" argumenta Tjaden. "Ele não lembra em nada São Nicolau, que ajudava pessoas carentes e era um amigo das crianças", explica. CampanhaAs escolas e os comerciantes da região aderiram ao apelo, retirando as decorações com Papai Noel das vitrines e colando adesivos com um sinal de "proibido" em seus estabelecimentos. Cartazes com o rosto do personagem atravessado por uma faixa vermelha adornam não só o interior de lojas e repartições públicas, mas os avisos, que se parecem com uma placa de trânsito, foram pendurados também na fachada do prédio da prefeitura e até junto à sinalização que marca as entradas do município. Nas salas de aulas, professores ensinam às crianças o significado do Natal e contam histórias de São Nicolau, bispo de Mira no século IV, que serviu de inspiração para o ícone natalino. Os alunos são orientados a diferenciar o "original" da "cópia" e desenhos no quadro negro mostram as diferenças entre os trajes de ambos, destacando a mitra episcopal no lugar do gorro vermelho e o cajado substituindo o saco de presentes. A campanha "Zona livre de Papai Noel" foi criada por uma entidade assistencial ligada Confederação dos Bispos da Alemanha para resgatar São Nicolau como símbolo original das festas natalinas e combater o "consumismo" nas festas de fim de ano. A renda obtida na venda de cartazes, adesivos e outros produtos será destinada à entidades que prestam ajuda a crianças com doenças terminais. Esta é a primeira vez que a idéia é apoiada oficialmente pela administração de um município.
Engraçado ter lido essa noticia, pois, eu não fiz árvore de natal esse ano e meu papai noel que sempre fica numa poltrona está me incomodando.
Vou fazer um presépio esse ano, hoje, ainda.
Bjkª. Elza
Prato vazio

Pizza
SOS animais
Está tenso? Descanse, ora!

- Elzinha, eu comi um sanduiche na cama e deixei cair migalhas por todos os lados. Bebi uma cerveja e deixei o copo no chão e a lata suada sobre a mesa de madeira. Deitei de sapato. Tomei banho de banheira e cantei feito um louco, espalhei água pelo banheiro inteirinho. Fumei no quarto com a janela fechada. Larguei a toalha molhada sobre o colchão. Liguei a TV num programa de esportes e deixei o som bem alto. Andei pelado pelo quarto e depois dormi como um anjo! Sai de lá novinho em folha. Deixei todas as restrições que enfrento em casa limpas! Todas as tensões e preocupações ficaram na água que usei. Eu me soltei. Entrei e saí sozinho e os recepcionistas não entenderam nada.
Eu quase morri de tanto rir com a ênfase que ele dava a cada palavra. Cheguei a pensar em fazer o mesmo para sentir o prazer de não ter restrições além das paredes que me rodeariam. Ficou na vontade.
- A recepcionista me perguntou se eu estava esperando alguém. Disse que tirara o dia para relaxar e descansar, sozinha. Pedi desconto. Ela me deu 20%.
Enquanto eu ria, ela continuou:
Bjkª. Elza
Minha gatinha querida
Pesquisar este blog
- Ana de Lavras
- Andrea Motta
- Aninha Pontes
- Anny
- Anunciação
- Barbara
- Beatriz
- Celia Kith
- Celia na Suécia
- Claudio Costa
- Dani
- Denise Rangel
- Dudv
- ELZA NO UOL
- Eurico
- Felina
- Glorinha
- J.F.
- Kovacs
- Lord Broken-Pottery
- Luiz Bolfer
- Magui
- Marcelo Dalla
- Marcia Clarinha
- Marco A. Araujo
- Marli
- Meiroca
- Milla
- Milton Toshiba
- Rosinha
- Sonia
- Tetê