sexta-feira, outubro 04, 2013

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Cheguei à sala dos advogados da Rua da Glória antes de minha colega, apesar do trânsito pesado, chuva e parada no bar para compra de 2 pães de queijo para nosso lanchinho enquanto debatíamos um processo.
Ela demorou para chegar e, na espera, fui efusivamente abraçada e beijada por um colega querido e que não via há tempos.
Alvaro me contou coisas tristes, como, por exemplo o final do escritório que tinha quase 70 anos; prisão de um colga muito estimado por crime sexual horroroso; falecimento de uns 3 ou 4 conhecidos, mas não ficou nisso o papo. 
Contamos histórias e mais histórias de nossas proezas em mesa de audiência; discussões com juízes e vogais...
Coisas do arco da velha!
Pena que essas histórias e anedotário não possam ser compartilhados com os leigos. Só quem vive, ou, viveu a Justiça do Trabalho na época de ouro da Associação dos Advogados Trabalhistas entenderia nossas peripécias e daria muita risada conosco.
Faziamos malabarismos verbais e intelectuais em audiência para conseguir sentenças favoráveis num tempo em que todos se conheciam. 
Os advogados conheciam-se e se falavam; sabíamos os nomes e as juntas de cada Juiz e muita vez, até os vogais eram conhecidos. 
Muita decisão foi tomada após provocação mútua entre advogado e Juiz, com incontáveis convites para briga no meio da rua, como os meninos costumam resolver suas pendengas.
Os homens saiam após o expediente para beber e as togas e as becas ficavam nos gabinetes e nos escritórios. Poucas mulheres acompanhavam essas bebedeiras. Meu escritório era do outro lado da cidade e depois que eu atravessava o viaduto do Chá não voltava, nem para assistir à farra. Naquele tempo eu não bebia alcoolicos.
Senti muita saudade daquele tempo que não volta mais.
Senti muito prazer em ter vivido e participado da construção da Justiça do Trabalho e do coleguismo que existe entre nós, da velha guarda.
Nós nos ajudávamos, nos socorríamos. Era um grupo grande que se respeitava e se gostava.
Bons tempos!
Hoje é tudo diferente pois, a eletrônica entrou na nossa vida para valer. Nada de máquinas IBM elétricas com corretivo ou Remington manual que lascava as unhas e endurecia as articulações, mas rapidez e facilidades infinitas.
Qualquer hora falo mais sobre isso. Vou dormir pensando em todos os que conheci e nas boas risadas que dei naqueles tempos deliciosos. 
O melhor e para encerrar: eu sabia que os tempos eram deliciosos e desfrutei de cada dia.
Elza

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Thelma Louise

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Elza Maria sempre em busca de respostas. Paradoxal, curiosa, inteligente, crítica, observadora, sentimental, habilidosa, amorosa, sensível, disciplinada e um montão de outras coisas. Ser humano normal, comum, mediano, mas que gosta de escrever e está no quarto blog.

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