sábado, fevereiro 23, 2008
Para JF
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Minha Mãe era linda, não era?
Cabelos escuros, lisos e curtos, impecavelmente arrumados, alta, elegante, andava muito bem trajada. Gostava de maquiagem leve e baton marcante. Sempre encarapitada em saltos altos, mas não exageradamente altos, poucas vezes a vi de calças compridas. Discreta nas cores e nos modos, eu diria que foi uma lady.
Era contida nas demonstrações de afeto, não pronunciava uma palavrão e execrava gíria.
Aprendeu a dirigir com o Seu Galdino, que era funcionário do meu Pai lá na Delegacia de Policia, quando eu era menina de uns 8 anos de idade. Ela fez questão que ele a ensinasse a abrir a porta do carro, como se ela nunca tivesse visto um carro na vida. Depois, exigiu que ele mostrasse como se dava na partida, embora ela soubesse manobrar o carro na garagem e dirigisse nas estradas, mesmo sem carteira. Uma piada, mas lá foram eles pelas ruas de São Paulo, não sei por quanto tempo.
Ela não foi grande motorista, mas, jamais bateu o carro. Era do tipo que atrapalhava o trânsito e deixava o motorista atras dela, desnorteado. Gostava de velocidade. Tinha o pé pesado para acelerar e para frear, na mesma proporção. Dirigiu até seus 80 anos, já sem carteira de habilitação, "para não perder um compromisso", pois o motorista estava atrasado.
Cá entre nós, eu sempre tive pavor de andar com ela dirigindo.
Durante alguns anos nós tivemos uma cachorrinha pinsher, marrom e linda de morrer, chamada Vickie e minha Mãe adorava sair com ela no colo, dirigindo, é claro. Naquela época ela tinha um Gol prata, novinho.
Domingo, enquanto meu Pai estava no clube, ela saia com a cadela.
Naquele domingo em especial, ela estacionou o carro na Al. Lorena quase esquina da Rua Augusta e foi passear com a Vickie na feira livre. Comprou algumas coisinhas, mas nada grandioso. Ficou se encantando com as lojas daquela região, subiu e desceu a Augusta olhando as vitrines e passeando a cachorra.
Perdeu a noção do tempo e esqueceu-se onde deixara o carro, muito embora se lembrasse, "por alto", como ela dizia, em qual das ruas estacionara.
Cansada, entrou na Alameda Lorena, viu o carro, sacou da chave, abriu a porta e entrou. Achou que o interior estava diferente, o banco não era confortável, mas colocou a chave na ignição e deu na partida.
O alarme disparou.
Ela mais do que depressa desligou o carro, retirou suas comprinhas e a cadela, atravessou a rua e se pos a estudar a situação, pois, só depois do alarme tocar é que se apercebeu que o carro "esquisito" era um Voyage, também, prata, que ficou aberto, por óbvio!
Nos seus lindos saltos, ela sacudiu os ombros, encontrou o seu Gol alguns metros adiante. Antes que alguem surgisse para saber o que se passava ela tratou de ligar o carro e sumiu!
O susto foi tão grande que ela desistiu da carreira de puxadora de carros alheios.
Ficou no anedotário da familia, é claro.
Fez três anos que ela se despediu de nós no dia 15 de fevereiro de 2008. Dona Elza, aquela que me fez sofrer, deixou um vazio em cada um com quem conviveu.
Bjkª. Elzamaria
Cabelos escuros, lisos e curtos, impecavelmente arrumados, alta, elegante, andava muito bem trajada. Gostava de maquiagem leve e baton marcante. Sempre encarapitada em saltos altos, mas não exageradamente altos, poucas vezes a vi de calças compridas. Discreta nas cores e nos modos, eu diria que foi uma lady.
Era contida nas demonstrações de afeto, não pronunciava uma palavrão e execrava gíria.
Aprendeu a dirigir com o Seu Galdino, que era funcionário do meu Pai lá na Delegacia de Policia, quando eu era menina de uns 8 anos de idade. Ela fez questão que ele a ensinasse a abrir a porta do carro, como se ela nunca tivesse visto um carro na vida. Depois, exigiu que ele mostrasse como se dava na partida, embora ela soubesse manobrar o carro na garagem e dirigisse nas estradas, mesmo sem carteira. Uma piada, mas lá foram eles pelas ruas de São Paulo, não sei por quanto tempo.
Ela não foi grande motorista, mas, jamais bateu o carro. Era do tipo que atrapalhava o trânsito e deixava o motorista atras dela, desnorteado. Gostava de velocidade. Tinha o pé pesado para acelerar e para frear, na mesma proporção. Dirigiu até seus 80 anos, já sem carteira de habilitação, "para não perder um compromisso", pois o motorista estava atrasado.
Cá entre nós, eu sempre tive pavor de andar com ela dirigindo.
Durante alguns anos nós tivemos uma cachorrinha pinsher, marrom e linda de morrer, chamada Vickie e minha Mãe adorava sair com ela no colo, dirigindo, é claro. Naquela época ela tinha um Gol prata, novinho.
Domingo, enquanto meu Pai estava no clube, ela saia com a cadela.
Naquele domingo em especial, ela estacionou o carro na Al. Lorena quase esquina da Rua Augusta e foi passear com a Vickie na feira livre. Comprou algumas coisinhas, mas nada grandioso. Ficou se encantando com as lojas daquela região, subiu e desceu a Augusta olhando as vitrines e passeando a cachorra.
Perdeu a noção do tempo e esqueceu-se onde deixara o carro, muito embora se lembrasse, "por alto", como ela dizia, em qual das ruas estacionara.
Cansada, entrou na Alameda Lorena, viu o carro, sacou da chave, abriu a porta e entrou. Achou que o interior estava diferente, o banco não era confortável, mas colocou a chave na ignição e deu na partida.
O alarme disparou.
Ela mais do que depressa desligou o carro, retirou suas comprinhas e a cadela, atravessou a rua e se pos a estudar a situação, pois, só depois do alarme tocar é que se apercebeu que o carro "esquisito" era um Voyage, também, prata, que ficou aberto, por óbvio!
Nos seus lindos saltos, ela sacudiu os ombros, encontrou o seu Gol alguns metros adiante. Antes que alguem surgisse para saber o que se passava ela tratou de ligar o carro e sumiu!
O susto foi tão grande que ela desistiu da carreira de puxadora de carros alheios.
Ficou no anedotário da familia, é claro.
Fez três anos que ela se despediu de nós no dia 15 de fevereiro de 2008. Dona Elza, aquela que me fez sofrer, deixou um vazio em cada um com quem conviveu.
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Elza Maria sempre em busca de respostas. Paradoxal, curiosa, inteligente, crítica, observadora, sentimental, habilidosa, amorosa, sensível, disciplinada e um montão de outras coisas. Ser humano normal, comum, mediano, mas que gosta de escrever e está no quarto blog.
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19 comentários:
Elza, obrigado por colocar a história no blog. Tenho três comentários: 1) A história é ótima! Ri muito. 2) Você narra muito bem. Tem ótima sequência e muito humor. Você precisa lembrar-se de mais casos como esse e colocá-los aqui. 3) Você tem toda razão. Sua mãe era linda.
Abração.
JF, de vez em quando eu conto histórias. Tenho algumas muito boas no ellara.blog.uol.com.br, meu outro blog do beagle e tem link ai na frente. Obrigada pelo incentivo. Ando muito intimista e chata. Nessa foto minha mãe tinha menos idade do que eu tenho hoje. Apesar disso, ela era muito bonita depois dos 80 anos. Ela se foi aos 82. Obrigada, mais uma vez. Bjkª. Elza
Lindo! :õ)
Nessas horas que sentimos saudades de quem já se foi, pensamos: Parece que foi ontem!!!!
Pode passar anos e anos, mas as ensação sempre será essa.
Gostei daqui viu moça.
Té mais.
Dona Elza vamos respeitar, que figura! São essas lembranças que deixa a presença dela sempre viva! Amei a história! E ri bastante com o seu "cá entre nós..."
Querida, a minha avó também corria. MUITO. Volta e meia era multada. Mas, tirando o fato de ter roubado a Variant branca achando que era a dela, não era de nos matar de pavor não. Quem era de matar a gente de pavor, segundo consta na família, foi o meu bisavô por parte de mãe, quando ele tinha 75 anos ganhou um fusca numa rifa do lions club e foi aprender a dirigir. Amava dirigir com a minha mãe do lado porque ela era a única da família que não gritava (claro, ela ficava muda de pavor, HAHAHA).
Aliás... hoje os meus pais vieram aqui e trouxeram o Ed para ele não ficar sozinho no sítio. Tadinho, agora que ele virou cachorro de sítio, estava parecendo criança em dia de visita em casa de adulto sem brinquedo: passou metade do tempo olhando pra porta, rsrsrsrs...
Beijocas, querida!!!
Pegando carona no seu comentário,você não é nada chata,é adorável mesmo quando está chateada e necessita desabafar.Ah,tenho saudades de mamãe que já se foi há muitos anos e brigava bastante comigo,mas ainda hoje sinto falta dela.Linda a sua homenagem.
Barbara, como vai você? Bjkª. Elza
dani, é sempre muito bem vinda. Bjkª. Elza
sraake, que saudade, menina. Atualizou o blog? Venha sempre. Bjkª. Elza
Luciana, ele ganhou um fusca numa rifa e saiu por ai dirigindo? O pov0o em volta do carro devia gritar muito! kakakakak amei essa passagem. Faça um post dela, por favor. Ô dó!!! dê um bj no Ed por mim... cão de sitio em casa ... Bjkª. Elza
Anunciação, você é muito generosa comigo. Bjkª. Elza
Elza,
Amei a história e o J.F. tem toda razão: você é uma ótima narradora! Teu senso de humor é maravilhoso! :-)
A tua mãe deve ter sido uma pessoa com esse senso de humor, não?
Amei a história do carro e ela era realmente linda.
Um grande beijo e ótima semana,
Sonia
história engraçada e terna.
existe mesmo algumas pessoas dotadas de um certo charme, de um certo porte; q parece indicar q elas n são deste mundo.
abraços!
Olá Sonia, obrigada pelo elogio rasgado. Meu egoficou lustroso! Bjkª. Elza
Aldrin, obrigada pela visita. Volte sempre. Bjkª. Elza
Pessoas especiais assim sempre deixam um grande vazio quando partem, mas pode ser certeza que ela olha e cuida de ti onde ela estiver... Bju carinho ;)
adri-dri-drika, linda sua fé. Volte sempre. Bjkª Elza
É dessas recordações que fazem com que o ente querido fique eternizado nas lembrançass alegre, felizes, momentos únicos que com prazer compartilhamos com os outros.
Beijos.
Também achei ela chique logo que abriu o templat.Por estes dias um blogue publicou uma história de equívoco no carro só que a senhora percebeu só quando chegou em casa.
Junio, obrigada pelas palavras. Bjkª. Elza
Magui, foi lá no blog do JF. Passei lá, li a aventura da Mãe dele e contei o "causo" da minha Mãe. Ele me pediu para contar num post. Contei e dediquei a ele. Bjkª. Elza
Elzinha! Voltei prá essa vidinha de blogueira! Saudades, moça!
Cheguei aqui e vi sua mãe, uma verdadeira lady!!!
Gostei dela e, ao mesmo tempo, gosto de você. E sua história com ela, eu entendo também.
Vidas que seguem ( ou seguiram) caminhos diferentes, talvez, a sua e a dela. Mas, ambas, formidáveis!
Beijos para você e para sua turma.
Dora Vilela.
Doriiiiiita, que com que voltou para essa vida de blogueira. O universo virtual ficou mais rico. Adoro suas visitas. Venha sempre que quiser. Montanhas de bjkªs especiais e cheias de carinho. Elza
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