domingo, agosto 12, 2007

PostHeaderIcon Dia dos Pais

Meu Pai foi uma figura forte e segura na minha vida. Fomos amigos, companheiros de trabalho, confidentes e parceiros. Conversavamos sem pudor todos os assuntos. Nós nos ouvíamos e nos criticavamos e nos amávamos e nos respeitavamos como Pai e filha.
Ele sabia minhas senhas bancárias e eu as dele.
Ele jamais me impediu de arrumar meus namorados, mas me ajudava a olhar os defeitos de todos os que se aproximaram de mim.

Certa vez, almoçavamos num restaurante perto do escritório, como sempre, e eu percebo que ele me olhava com muita atenção e um ar de incredulidade instalando-se naquele rosto tão conhecido.
- Minha filha, o que é isso na sua cabeça? Isso que brilha prateado.
- Fios de cabelo branco meu Pai...
- Você tem cabelos brancos ????
- Claro! O tempo passa para todos e estou com mais de 40 anos, Papai!
- Eu não vi o tempo passar ...

Brigávamos e faziamos as pazes com a mesma naturalidade. Minha Mãe ficava doida e demorou para entender que não precisava tentar apaziguar os ânimos e nem por panos quentes. Bastava deixar que brigassemos e fizessemos as pazes, pois, toda vez que ela se meteu nos viramos contra ela.

Quando comecei a sair com aquele que chamo de "maridão", ele me disse: - Estão tentando roubar você de mim...

Quando meu Pai se foi, o maridão me disse: - Agora você é só minha ...

Perdi o prumo quando ele se foi. Perdi meu amigo, meu parceiro de conversas, meu companheiro de escritório e de caminhadas pelo centro da cidade; meu mestre; meu confidente e meu Pai. Demorei muito tempo para aceitar e entender a passagem dele e até bem pouco tempo eu o chamei para mim. Nos primeiros anos eu pouco falava nele para evitar o choro incontrolável. Nestes últimos anos eu o chamei muitas e muitas vezes durante o dia. Suspirava e o chamava, até que algo, não sei o quê, aconteceu e parei com o hábito.

Meus sentimentos hoje são tranquilos. A emoção por falar nele aparece, mas nada de extraordinário. Falo nele com respeito e saudade, mas não existe dor ou revolta. Aquela dor imensa que sentia pela ausência transformou-se numa lembrança gostosa e muito particular.

Comemorar o dia dos Pais para mim era um tormento e hoje, foi uma delicia. Partilhei a alegria do meu marido por estar junto do filho único e do netinho de 4 anos.

Papai, eu vou me lembrar sempre de você com muita alegria. Foi bom demais ter sido sua filha, viu?

Bjkª da Elza

11 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, amiga. Lindo demais!
Me emocionou.
Beijos

Blog do Beagle disse...

Bjkª cheia de carinho para você, Kith. Elza

marilia disse...

Elza,minha amiga!
Que texto lindo, que bela e contundente homenagem a seu pai...vc transmitiu a força de seu amor e a paz que vc sente hoje ao lembrar dele.
vou guardar suas palavras na minha memória. tenho muito medo de perder meu pai. Ele é tudo isso que o seu foi e ainda esta comigo!
um grande e carinhosos beijo!

Luciana L V Farias disse...

A mamãe sempre diz que a gente se acostuma com a ausência e aprende a conviver com ela. Os pais dela foram embora bem cedo, mas ainda tive tempo de conviver com eles e curtir, os meus avós eram ótimos... :-))

Beijocas, querida, o blogspot voltou e agora eu FINALMENTE consigo visitar os amigos, UFA!!!

Blog do Beagle disse...

Marilia, já lhe contei que adoro o transcurso do tempo? O tempo conserta as coisas. Torna pequenas as coisas que eram desnecessariamente grandes; ameniza dores e saudades; cresce o que não pode permenecer nanico. Desfrute da companhia do Pai o quanto puder e nunca o deixe esquecer o quanto você o ama e admira. Bjkª. Elza

Blog do Beagle disse...

Anderson, vou lá. Depois deixo comentário sobre o texto que vc indicou. De fato, meu caro, vc disse uma coisa linda: sempre me orgulhei de ser filha de meus Pais. Ambos figuras lindas e fortes. Bjkª. Elza

Blog do Beagle disse...

Luciana, o sentoimento muda. No início é dor da ausência que é maior que saudade. É dor da certeza de não mais ver, ouvir e abraçar e beijar. Aos poucos essa dor via se tornando numa saudade doida e sentida e, compassar de mais tempo, uma paz se instala e não há dor no vaxio que restou. Sei lá... Bjkª. Elza

Anônimo disse...

Ontem vim aqui sem comentar. Hoje, após ler seu comentário para a Bárbara, não aguentei: você é parecida com seu pai, hein? kkkkkk, será que o moço passa por seu crivo?
Sonhei com você esta noite. Você veio me visitar aqui em casa, mesmo sem ter sido convidada. Eu achei ótimo pois gosto de pessoas aqui em casa, e o melhor: você cozinhou aqui. Como eu estava meio ocupada e não sabia o que fazer, você foi perguntando o que tinha e foi fazendo. Você fez um bolinho que eu nunca comi na vida, rsrs, não sei de onde o tirei, rsrsrs. Acordei com água na boca.
Beijos.

Blog do Beagle disse...

Lica, mas que delicia de comentário rssssss De fato, sou muito parecida com meu Pai. Ele dizia que dos três, só eu saí a ele ... Baita resposabilidade se quer saber!!! Puxa vida, então eu a visitei e cozinhei para você! Eu não sei fazer bolinhos kakakakakak nem de arroz!!!! Tudo bem, foi sonho, né? Bjkª. Elza

Anônimo disse...

que texto lindo Elzinha, me emocionou. Bj

Blog do Beagle disse...

Montes de bjkªs procê, lindinha. Elza

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Elza Maria sempre em busca de respostas. Paradoxal, curiosa, inteligente, crítica, observadora, sentimental, habilidosa, amorosa, sensível, disciplinada e um montão de outras coisas. Ser humano normal, comum, mediano, mas que gosta de escrever e está no quarto blog.

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